Alguém conseguiria imaginar filmes como “E o Vento Levou”, “Psicose” ou “ET” sem suas respectivas trilhas sonoras? A música sempre se mostrou uma necessidade do cinema e a prova maior disso está no cinema mudo, que nunca conseguiu ser totalmente mudo.
A música vem, hierarquicamente, em um plano inferior dentro do complexo sonoro do filme. Mesmo com essa inegável subordinação, na maioria das vezes a trilha tem importância decisiva no resultado final da obra.
Os músicos se tornaram os parceiros essenciais dos cineastas, levando a responsabilidade que um instrumento narrativo valioso tem de ressaltar o conteúdo emocional da história e articular estados psicológicos. Por ser uma linguagem universal tão eficiente quanto rápida quando se quer mexer com os sentimentos de alguém, a música se tornou a liga necessária ao cinema para envolver o espectador.
Inicialmente a música era tocada ao vivo, na maioria das vezes, por pianistas, que expressavam no instrumento o que eles sentiam a cada cena que se passava. Apenas no ano de 1926, com o surgimento de uma nova tecnologia que incluía um projetor e um toca discos funcionando em sincronia, a música deixou de ser executada ao vivo.
A trilha sonora cinematográfica, durante anos, foi composta por temas eruditos de origem européia. As mudanças começaram a acontecer a partir da década de 50, com o fim da Segunda Grande Guerra e da inocência mundial, com o surgimento da televisão e, principalmente, com a americanização das trilhas. Nesse período, com o fortalecimento da indústria fonográfica, houve a consolidação da música como poderosa ferramenta comercial. Tornaram-se comuns as canções-título. Os anos 60 levaram, definitivamente, a música popular para o cinema.
Não importa, a música precisa do cinema e o cinema precisa da música, seja ela como elemento climático ou para destacar uma ação. Valeu superar toda a dificuldade inicial (o que fazer com o som? Precisa de som? Não ouço nada?). A evolução permitiu ao cinema encontrar a forma ideal de aliar o som a sua linguagem.
2 comentários
Eu estava lembrando das cenas do Psicose, e claro que a principal cena é a do banheiro, com aquele ih ih ih ih da faca, hehehe!
Mas eu estava pensando na trilha sonora em si, e não na história do filme. O Bernard Herrmann fez a trilha toda, exclusivamente para o filme, criando e pensando no psicológico dos personagens. Por exemplo, tem um momento em que a mocinha está no carro, fugindo, imaginando como estariam as coisas lá no escritório, e só tem o som do carro, o silêncio da estrada e as expressões faciais dela. Enquanto isso intercala as cenas do escritório, reais. A chuva também é um símbolo expressivo, o som da chuva, o ritmo da chuva.... É o máximo esse filme. Os violinos dão uma tensão maior a cada cena.
Poxa, se todos assistissem aos filmes prestando atenção na história, depois nas trilhas sonoras, nas fotografias... Acho que estou exigindo demais!
Beijo, Cláudio.
Outro bom exemplo é o filme "THE WALL". O filme é todo construído em cima do álbum The wall do Pink Floyd. É impressionante... quase não tem diálogos. O filme é todo contado através de cenas que se combinam com as músicas. As músicas são legendadas e as letras acompanham as imagens. Em uma sequência de cenas tendo como trilha a música "Comfortably Numb", Bob Geldof (Idealizador do Live Aid, ator e músico que interpreta o personagem Pink) dá um grito e a cena do grito acontece justamente em um momento que há um grito na música. Fantástico.