"A guitarra é a única coisa da minha vida que não ferrou comigo."
Dave Mustaine

terça-feira, 19 de junho de 2007

MÚSICA E CINEMA: O encontro

Alguém conseguiria imaginar filmes como “E o Vento Levou”, “Psicose” ou “ET” sem suas respectivas trilhas sonoras? A música sempre se mostrou uma necessidade do cinema e a prova maior disso está no cinema mudo, que nunca conseguiu ser totalmente mudo.

A música vem, hierarquicamente, em um plano inferior dentro do complexo sonoro do filme. Mesmo com essa inegável subordinação, na maioria das vezes a trilha tem importância decisiva no resultado final da obra.

Os músicos se tornaram os parceiros essenciais dos cineastas, levando a responsabilidade que um instrumento narrativo valioso tem de ressaltar o conteúdo emocional da história e articular estados psicológicos. Por ser uma linguagem universal tão eficiente quanto rápida quando se quer mexer com os sentimentos de alguém, a música se tornou a liga necessária ao cinema para envolver o espectador.

Inicialmente a música era tocada ao vivo, na maioria das vezes, por pianistas, que expressavam no instrumento o que eles sentiam a cada cena que se passava. Apenas no ano de 1926, com o surgimento de uma nova tecnologia que incluía um projetor e um toca discos funcionando em sincronia, a música deixou de ser executada ao vivo.

A trilha sonora cinematográfica, durante anos, foi composta por temas eruditos de origem européia. As mudanças começaram a acontecer a partir da década de 50, com o fim da Segunda Grande Guerra e da inocência mundial, com o surgimento da televisão e, principalmente, com a americanização das trilhas. Nesse período, com o fortalecimento da indústria fonográfica, houve a consolidação da música como poderosa ferramenta comercial. Tornaram-se comuns as canções-título. Os anos 60 levaram, definitivamente, a música popular para o cinema.

Não importa, a música precisa do cinema e o cinema precisa da música, seja ela como elemento climático ou para destacar uma ação. Valeu superar toda a dificuldade inicial (o que fazer com o som? Precisa de som? Não ouço nada?). A evolução permitiu ao cinema encontrar a forma ideal de aliar o som a sua linguagem.

2 comentários

Carol Bonando disse...

Eu estava lembrando das cenas do Psicose, e claro que a principal cena é a do banheiro, com aquele ih ih ih ih da faca, hehehe!
Mas eu estava pensando na trilha sonora em si, e não na história do filme. O Bernard Herrmann fez a trilha toda, exclusivamente para o filme, criando e pensando no psicológico dos personagens. Por exemplo, tem um momento em que a mocinha está no carro, fugindo, imaginando como estariam as coisas lá no escritório, e só tem o som do carro, o silêncio da estrada e as expressões faciais dela. Enquanto isso intercala as cenas do escritório, reais. A chuva também é um símbolo expressivo, o som da chuva, o ritmo da chuva.... É o máximo esse filme. Os violinos dão uma tensão maior a cada cena.
Poxa, se todos assistissem aos filmes prestando atenção na história, depois nas trilhas sonoras, nas fotografias... Acho que estou exigindo demais!
Beijo, Cláudio.

Claudio Nascimento disse...

Outro bom exemplo é o filme "THE WALL". O filme é todo construído em cima do álbum The wall do Pink Floyd. É impressionante... quase não tem diálogos. O filme é todo contado através de cenas que se combinam com as músicas. As músicas são legendadas e as letras acompanham as imagens. Em uma sequência de cenas tendo como trilha a música "Comfortably Numb", Bob Geldof (Idealizador do Live Aid, ator e músico que interpreta o personagem Pink) dá um grito e a cena do grito acontece justamente em um momento que há um grito na música. Fantástico.

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