Depois de 43 produtivos anos ao lado da Capitol/EMI, o sempre Beatle Paul McCartney rompeu a parceria que parecia eterna. Marcando esse evento, McCartney lança Memory Almost Full, novo álbum com 13 canções inéditas (onde uma "suíte" faz a ligação entre as faixas 8 e 12), inaugurando o selo Hear Music, pertencente a uma rede de cafeterias americana, a Starbucks (a distribuição mundial está sendo feita pela Universal Music).
Segundo o próprio Paul, Memory Almost Full representa uma reflexão sobre o passado, a infância em Liverpool, juventude e amigos. Ainda assim, o álbum parece muito mais experimentalista do que intimista.
Seguindo então o raciocínio do criador, se olharmos para trás, poderemos ver que nos últimos 10 anos Paul McCartney esteve inquieto. Fazendo um levantamento por alto, foram em torno de 20 produtos lançados, entre CDs e DVDs. Como se isso não bastasse, Paul ainda participou de concertos que renderam tanto CDs como DVDs, entre eles, Music For Montserrat, Party At The Palace, Concert For George e Live 8.
Pensam que acabou? O cara ainda deu canja nos CDs de Tony Bennett (The Very Through Of You), George Michael (Heal The Pain), George Benson & Al Jarreau (Bring It On Home To Me) e Stevie Wonder (A Time To Love).
Tudo isso já é suficiente para nos mostrar que, prestes a completar 65 anos, o velho Macca está mais “vivo” do que nunca... mas não vamos perder o foco!!!
Memory Almost Full é diferente de Chaos And Creation In The Backyard, que era diferente de Driving Rain, que era diferente de Run Devil Run e assim por diante... e isso que é bom. Essa constante mudança, mesmo depois de tanto tempo, é que cria a expectativa sobre o que virá pela frente. Com canções mais “pra frente”, McCartney ressuscita o produtor David Kahne, com quem já havia trabalhado no álbum Driving Rain. Segundo Paul, as gravações que deram origem ao álbum Memory Almost Full começaram ainda em 2003, mas foram interrompidas para a realização de Chaos And Creation, sendo retomadas apenas em 2006.
Muitos fãs não gostam de comparações entre álbuns, mas eu acredito que para as pessoas que ainda não tiveram oportunidade de ouvir um trabalho, a melhor orientação surge relacionando álbuns e canções.
Música por Música:
Dance Tonight: Boa, apenas isso. Na verdade, “Dance Tonight” nos passa aquela sensação de “eu já ouvi isso antes”. Nela Paul convida a todos para uma dança, em ritmo alegre, onde o que fala mais alto é o Bandolim. Mesmo não sendo a obra-prima do álbum, foi a faixa escolhida para a produção do primeiro clipe, que teve direção do francês Michel Gondry, vencedor de dois Oscar pelo longa “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”.
Ever Present Past: Primeira música de trabalho. A sonoridade, com guitarras contidas e sintetizadores, nos faz lembrar muito as canções do álbum Driving Rain. É uma boa canção comercial. Com uma única ouvida você será capaz de cantarolala por dias.
See Your Sunshine: Bela canção com harmonias vocais muito bem feitas, uma linha de baixo maravilhosa e um piano sempre presente. Ela se divide em três partes com levadas bem distintas, surpreendendo a cada momento. Passaria tranqüilamente como uma canção do álbum London Town, lançado com os Wings em 1978.
Only Mama Knows: Rock’n’Roll de verdade... aliás, como não se faz mais nos dias de hoje. Introduzida com cordas, esperamos mais uma balada até que um riff de guitarra nos joga direto a “Junior’s Farm”, do Wings. Como tudo que marca a obra de McCartney, “Only Mama Knows” é uma daquelas canções assobiáveis. Tem gosto de Back To The Egg. Seria ela a irmã caçula de “So Glad To See You Here”? Os violinos voltam para dar fim à canção.
You Tell Me: Com cara de Flaming Pie, essa é a primeira balada do álbum, dando direito a contracantos, vocais bem construídos e guitarras dobradas. Paul conduz muito bem ao violão o seu canto melancólico. Futuramente “You Tell Me” será lembrada como uma das mais belas baladas já composta por McCartney.
Mister Bellamy: Agradavelmente experimental. Nela Paul ressurge com suas brincadeiras vocais e ao piano aponta para novas direções melódicas. O clima de McCartney II está mais presente do que nunca, com efeitos processando vozes, guitarras e sintetizadores. Não podemos deixar de citar o inesperado final em clima de “Magical Mystery Tour”.
Gratitude: Empolgante canção com tom Soul/Golpel onde o velho Macca solta a voz e seu lado Ray Charles. A linha de baixo é outro ponto forte, servindo para mostrar porque Paul é um dos baixistas mais influentes de todos os tempos. “Gratitude” parece ter a mesma intenção que “After The Ball” teve dentro do álbum Back To The Egg.
Segundo o próprio Paul, Memory Almost Full representa uma reflexão sobre o passado, a infância em Liverpool, juventude e amigos. Ainda assim, o álbum parece muito mais experimentalista do que intimista.
Seguindo então o raciocínio do criador, se olharmos para trás, poderemos ver que nos últimos 10 anos Paul McCartney esteve inquieto. Fazendo um levantamento por alto, foram em torno de 20 produtos lançados, entre CDs e DVDs. Como se isso não bastasse, Paul ainda participou de concertos que renderam tanto CDs como DVDs, entre eles, Music For Montserrat, Party At The Palace, Concert For George e Live 8.
Pensam que acabou? O cara ainda deu canja nos CDs de Tony Bennett (The Very Through Of You), George Michael (Heal The Pain), George Benson & Al Jarreau (Bring It On Home To Me) e Stevie Wonder (A Time To Love).
Tudo isso já é suficiente para nos mostrar que, prestes a completar 65 anos, o velho Macca está mais “vivo” do que nunca... mas não vamos perder o foco!!!
Memory Almost Full é diferente de Chaos And Creation In The Backyard, que era diferente de Driving Rain, que era diferente de Run Devil Run e assim por diante... e isso que é bom. Essa constante mudança, mesmo depois de tanto tempo, é que cria a expectativa sobre o que virá pela frente. Com canções mais “pra frente”, McCartney ressuscita o produtor David Kahne, com quem já havia trabalhado no álbum Driving Rain. Segundo Paul, as gravações que deram origem ao álbum Memory Almost Full começaram ainda em 2003, mas foram interrompidas para a realização de Chaos And Creation, sendo retomadas apenas em 2006.
Muitos fãs não gostam de comparações entre álbuns, mas eu acredito que para as pessoas que ainda não tiveram oportunidade de ouvir um trabalho, a melhor orientação surge relacionando álbuns e canções.
Música por Música:
Dance Tonight: Boa, apenas isso. Na verdade, “Dance Tonight” nos passa aquela sensação de “eu já ouvi isso antes”. Nela Paul convida a todos para uma dança, em ritmo alegre, onde o que fala mais alto é o Bandolim. Mesmo não sendo a obra-prima do álbum, foi a faixa escolhida para a produção do primeiro clipe, que teve direção do francês Michel Gondry, vencedor de dois Oscar pelo longa “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”.
Ever Present Past: Primeira música de trabalho. A sonoridade, com guitarras contidas e sintetizadores, nos faz lembrar muito as canções do álbum Driving Rain. É uma boa canção comercial. Com uma única ouvida você será capaz de cantarolala por dias.
See Your Sunshine: Bela canção com harmonias vocais muito bem feitas, uma linha de baixo maravilhosa e um piano sempre presente. Ela se divide em três partes com levadas bem distintas, surpreendendo a cada momento. Passaria tranqüilamente como uma canção do álbum London Town, lançado com os Wings em 1978.
Only Mama Knows: Rock’n’Roll de verdade... aliás, como não se faz mais nos dias de hoje. Introduzida com cordas, esperamos mais uma balada até que um riff de guitarra nos joga direto a “Junior’s Farm”, do Wings. Como tudo que marca a obra de McCartney, “Only Mama Knows” é uma daquelas canções assobiáveis. Tem gosto de Back To The Egg. Seria ela a irmã caçula de “So Glad To See You Here”? Os violinos voltam para dar fim à canção.
You Tell Me: Com cara de Flaming Pie, essa é a primeira balada do álbum, dando direito a contracantos, vocais bem construídos e guitarras dobradas. Paul conduz muito bem ao violão o seu canto melancólico. Futuramente “You Tell Me” será lembrada como uma das mais belas baladas já composta por McCartney.
Mister Bellamy: Agradavelmente experimental. Nela Paul ressurge com suas brincadeiras vocais e ao piano aponta para novas direções melódicas. O clima de McCartney II está mais presente do que nunca, com efeitos processando vozes, guitarras e sintetizadores. Não podemos deixar de citar o inesperado final em clima de “Magical Mystery Tour”.
Gratitude: Empolgante canção com tom Soul/Golpel onde o velho Macca solta a voz e seu lado Ray Charles. A linha de baixo é outro ponto forte, servindo para mostrar porque Paul é um dos baixistas mais influentes de todos os tempos. “Gratitude” parece ter a mesma intenção que “After The Ball” teve dentro do álbum Back To The Egg.
Vintage Clothes: Essa é a minha favorita. É musicalmente alegre e trás uma letra que reflete sobre a nostalgia. Vozes e mais vozes valorizam todo o conjunto, onde o piano e os violões se misturam parecendo um único instrumento. Em determinado momento, a levada folk dá lugar ao experimentalismo com ares de Tug Of War.
That Was Me: Essa também parece ter saído de uma daquelas sessões de gravação de Tug Of War e Pipes Of Peace. Rockabilly com pinta de “Sweetest Little Show”. Ótima forma de dar continuidade à faixa anterior, mantendo o ritmo forte.
Feet in the Clouds: Violões a mostra, poderia tranqüilamente estar dentro de Chaos and Creation. Os vocais aqui continuam muito presentes. Paul usa o velho Vocoder e cria texturas que nos remetem ao antigo sucesso da fase Press To Play, “Once Upon A Long Ago”.
House of Wax: Pianão, guitarras sólidas e uma voz impecável. Posso até criar polêmica, mas a sonoridade dela me leva direto ao álbum Press To Play, que apesar de muito criticado, eu gosto. Os delays e os demais efeitos vocais transmitem toda aquela tristeza de “However Absurd”.
End of the End: Tenta transmitir de forma alegre um momento triste. Paul especula sobre sua morte, deixando um testamento musical. Construída com voz e piano sobre uma leve "cama" de violinos, talvez a única coisa dispensável nela seja o assobio... e a morte.
Nod Your Head: Mais um Rock’n’Roll com simplicidade e voz rasgante. Parece uma continuidade para “Rinse The Raindrops”, com a vantagem de ter apenas 1 minuto e 58 segundos, e não os mais de 10 minutos da música que integra “Driving Rain”. E a sensação de ouvi-la é muito boa.
That Was Me: Essa também parece ter saído de uma daquelas sessões de gravação de Tug Of War e Pipes Of Peace. Rockabilly com pinta de “Sweetest Little Show”. Ótima forma de dar continuidade à faixa anterior, mantendo o ritmo forte.
Feet in the Clouds: Violões a mostra, poderia tranqüilamente estar dentro de Chaos and Creation. Os vocais aqui continuam muito presentes. Paul usa o velho Vocoder e cria texturas que nos remetem ao antigo sucesso da fase Press To Play, “Once Upon A Long Ago”.
House of Wax: Pianão, guitarras sólidas e uma voz impecável. Posso até criar polêmica, mas a sonoridade dela me leva direto ao álbum Press To Play, que apesar de muito criticado, eu gosto. Os delays e os demais efeitos vocais transmitem toda aquela tristeza de “However Absurd”.
End of the End: Tenta transmitir de forma alegre um momento triste. Paul especula sobre sua morte, deixando um testamento musical. Construída com voz e piano sobre uma leve "cama" de violinos, talvez a única coisa dispensável nela seja o assobio... e a morte.
Nod Your Head: Mais um Rock’n’Roll com simplicidade e voz rasgante. Parece uma continuidade para “Rinse The Raindrops”, com a vantagem de ter apenas 1 minuto e 58 segundos, e não os mais de 10 minutos da música que integra “Driving Rain”. E a sensação de ouvi-la é muito boa.
Está sendo lançado também o Memory Almost Full Deluxe Edition, que acompanha um segundo CD com 4 faixas, entre elas três novas canções e uma entrevista de 25 minutos onde o próprio Paul descreve sua última obra.
Paul McCartney não foi eleito o compositor do século à-toa... definitivamente, ele veio ao mundo para ensinar que quando a memória está quase cheia, é só esvaziá-la.
1 comentário
Brilhante resenha.
Possa estar sendo precipitado, mas na minha opinião "Memory Almost Full" é candidatíssimo a top 5 do Paul.